Sim, tudo começou quando eu vinha com amiga por aquela feira de livros usados onde comprei um dicionário por 5 reais e continuamos a vasculhar títulos dos livros até que, na brincadeira, eu lhe disse:
- O que eu gostaria era de encontrar um livro mágico que me ensinasse: "Como enriquecer sem esforço".
E rimos muito, e dali saímos, ela para seu trabalho já atrasada; eu para um pequeno restaurante onde almocei.
Mas pensei. Durante todo o almoço não parei de pensar. Arquitetava roteiros de um livro com tal título. Sim, sim. Eu saberia, eu poderia escrevê-lo. E tudo começaria com uma estória muito antiga. De cerca de 2.500 anos. Com a história de um homem, de nome famoso. Muito rico. Nos Sutras ele aparece. Como no:
Sudatta morava com sua esposa Punnalakkhana e três filhos em Sravasti, cidade que, no momento do despertar de Buda, era a maior das planícies do Ganges. Em uma de suas freqüentes viagens de negócios a Rajgir, Sudatta encontrou o ensinamento de Buddha Shakyamuni. Ele imediatamente reconheceu o Buda como seu professor. Então, prostrou-se aos pés de Buda – em um movimento estranho com o qual muitos de nós podem se identificar – e perguntou ao Abençoado se ele havia dormido bem. O Buda respondeu gentilmente:
Sempre, ele dorme bem,
O brâmane que está completamente extinto,
Que não se apega ao prazer sensual,
Serenidade no coração, é essa aquisição.
Tendo cortado todo o apego,
Tendo removido o desejo do coração,
O Pacífico, de fato, dorme bem,
Pois ele alcançou a paz de espírito.
Instantaneamente dedicado, Sudatta foi fulminado por uma decisão. Deveria se tornar um renunciante, cortar todos os apegos, desistir de sua vida mundana e seguir o Buda? E quanto às suas obrigações para com seus negócios e ao amor por sua família? Quando ele pediu conselho de Buda sobre o assunto, Buda instruiu Sudatta a permanecer um chefe de família e empresário, mas perder o apego ao seu mundanismo; continuar seu estilo de vida, mas fazê-lo de acordo com o dharma.
Sudatta convidou o Buda a vir a Sravasti e começou a procurar um lugar adequado para construir um templo. O parque mais bonito da região pertencia ao príncipe Jeta, filho de Prasenjit, o rei de Sravasti. Jeta testou o interesse de Sudatta, concordando em vender a terra conquanto Sudatta pagasse com moedas de ouro o preço de pavimentar todo o parque. Cheio de devoção, paciência e determinação, Sudatta fez o que lhe foi proposto e depois, desinteressadamente, denominou o novo parque com o nome do príncipe: Jetavana Vihara. Ele então construiu um complexo magnífico e completo, com um palácio de sete andares, templos, salões de meditação, jardins exuberantes, lagoas de lótus e passarelas para o Buda e seu séquito inteiro. Durante os próximos vinte e cinco anos, Buda e seus alunos se reuniram em Sravasti durante a época das monções e foi aqui que o mestre deu a seus discípulos os Tripitakas. Jetavana também foi o local da primeira ordenação de vinaya e o lugar onde o Sutra do Diamante foi ensinado.
Quando o Buda estava em residência, Sudatta visitava o monastério diariamente junto com os outros discípulos, nunca esperando nenhum tratamento especial do Buda simplesmente por ser seu principal benfeitor. Sudatta forneceu silenciosamente a sangha com comida, tigelas de donativos, roupões e remédios e, mais, estendeu sua generosidade também para as pessoas da cidade. Ele recebeu ensinamentos do Buda, sem dúvida. Mas se o assunto surgisse, Buda acolheria a discussão das preocupações mundanas específicas de Sudatta, usando esses exemplos como um veículo para ensinar o dharma. Buda deu a Sudatta vários ensinamentos importantes sobre riqueza e generosidade. Ele disse que existem quatro tipos de felicidades para um chefe de família: a bem-aventurança da propriedade; a felicidade de compartilhar riqueza; a felicidade de não se ver em dívidas; e a felicidade da irrepreensibilidade.
Ele disse que era bom para os leigos buscarem longa vida, beleza, felicidade, fama e renascimento em um paraíso, mas que essas coisas não podiam ser obtidas apenas pela oração ou fazendo votos. Ele explicou que apenas a perfeição da confiança no Buda, Dharma e Sangha; a perfeição da virtude; a perfeição da generosidade e a perfeição da sabedoria podem realmente trazer essas preciosas recompensas.
Através das bênçãos e dos ensinamentos do Buda, e seu próprio bom karma e mérito, Sudatta chegou ao primeiro bhumi e tornou-se conhecido como Anathapindika. Nunca voltado para proselitismo ou busca atenção, Sudatta, no entanto, influenciou a todos que o rodeavam. Seu compromisso e seu exemplo de vida inspiraram inúmeros estudantes a seguir o dharma. Ele morreu com Ananda e Sariputra ao seu lado e foi ao céu Tushita."
(Citado do site de Dzongsar Khyentse Rinpoche).
Regozijar-se com o mérito dos outros, praticado pelo mendigo.
Portanto, regozijar-se com o mérito dos outros é progredir sem esforço, o contrário da inveja.
É uma prática extraordinário de acumular mérito, e o mérito é o propulsor do bom carma.